terça-feira, 8 de setembro de 2009

critérios orientados

Quando um jornalista, fazendo reportagem sobre as listas de candidatos à Câmara Municipal da Horta, onde estão representados três partidos e para onde concorrem cinco, titula na primeira página que “há dois galos para um poleiro”, a única coisa que podemos concluir é que esse jornalista e o seu jornal querem dar uma mãozinha àqueles que preferem que a vida politica local seja reduzida a dois partidos.

Não satisfeito com a mãozinha dada, esse jornalista faz, pouco depois, o mesmo em relação a Assembleia Municipal.

Não estamos perante “critérios jornalísticos”, mas estamos perante um conservadorismo estreito, que é incapaz de respeitar a capacidade soberana que o Povo deve ter para escolher os seus autarcas. Ao opinar, embora com o disfarce de estar a reportar, o jornalista que refiro pretende influenciar a decisão de voto dos eleitores. Pretende, objectivamente, criar especiais dificuldades àquela força que pôs o bipartidarismo local PS-PSD em causa.Pretende fazer esquecer que essa força elegeu em 97 um vereador e elegeu em 05 dois vereadores. Pretende, contrariando a objectividade que o jornalismo deve ter, fazer passar a mensagem que essa força não tem capacidade de aumentar o seu número de eleitos. Ao fazer isto esse jornalista esquece, deliberadamente, que a capacidade de decidir não lhe pertence e cabe, só e apenas, ao conjunto dos cidadãos eleitores.

Estes critérios orientados ligam-se a outros, praticados durante anos, que visaram sempre esconder a acção de quem nas autarquias não pertence a qualquer dos dois partidos que têm sido, até agora, os maiores.

Uma das principais qualidades da nossa democracia reside na possibilidade concreta que existe de serem mudados ou mantidos os titulares dos cargos políticos. Se os eleitores do Faial quiserem levar à presidência da Câmara algum dos candidatos que não são apresentados, nem pelo PSD, nem pelo PS, podem e devem faze-lo do mesmo modo que decidiram, em 2005, retirar a maioria absoluta ao PS e retirar um vereador ao PSD, votando expressivamente na CDU.

É mesmo tempo, depois dos passos positivos dados, de se pensar em rumos novos, que fujam da demagogia dos “caloiros” que tudo prometem, mas que desconhecem, profundamente, as regras da gestão autárquica e que visem, ao contrário, dar oportunidade a quem soma à experiencia a ligação a um projecto autárquico profundamente ligado às populações.

Para renovar o Faial precisamos de uma Câmara plural, dirigida por quem queira verdadeiramente pôr a Câmara próxima do Povo. Quem possa ter aptidão para dirigir a câmara do comércio que o faça, mas que não seja posto na Câmara Municipal a dirigi-la como se tratasse da do comércio. No dia 11 de Outubro os faialenses vão decidir com liberdade e não pelos critérios orientados que dois ou três se julgam no direito de usar, com infinita arrogância.

José Decq Mota
( Publicado no Tribuna das Ilhas em 4/09/09)

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