segunda-feira, 22 de junho de 2009

Muito perigoso

Há menos de uma hora atrás e aproveitando um magnífico fim de tarde, com o Pico imponente e com o azul intenso do mar a contrastar com os verdes de vários tons que envolvem a Horta, lá fui num costumeiro passeio à doca.
Estava a olhar, com a atenção de quem gosta dessas coisas, para a manobra de atracação da Corveta NRP António Enes, quando um homem do mar destas ilhas me disse mais ou menos isto: Não acha que 80% de abstenção nessas eleições do Domingo passado é muito exagerado? Respondi-lhe, enquanto reparava que mais um cabo tinha sido lançado para terra pelo navio em manobra, que essa taxa de abstenção era tão alta, tão exagerada, tão absurda, que a responsabilidade não pode ser assacada principalmente aos eleitores. O meu interlocutor pediu que me explicasse. Desisti de seguir a manobra da Corveta, concentrei-me na preocupação de quem comigo falava e tentei sintetizar duas ou três ideias. Disse-lhe que a forma como a União Europeia (UE) está a ser construída assenta numa postura de desprezo crescente pelos interesses e opiniões dos povos dos Países que a integram; disse-lhe que todos os enormes escândalos que marcam a vida pública do nosso e de outros Países da UE fazem desacreditar, quase por completo, esses dirigentes. Antes que pudesse continuar, disse-me este meu amigo e homem deste nosso mar: já nos roubaram o nosso peixe, mas também nos querem roubar a nossa capacidade de pensar e decidir. Perante isto conclui que o que está a ser feito pelos actuais dirigentes dos Países da UE é de facto muito perigoso e é por aí que se tem que procurar as causas da abstenção brutal a que assistimos.
14/06/09
José Decq Mota

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